Tempo/Irôko e Ifá/Orumilá
FRATERNIDADE E LUZ
Tempo/Irôko e Ifá/Orumilá
Tempo /Irôko
Tempo ou Loko é um orixá originário de Íwerè,
região que fica ao leste de Oyó na Nigéria, tão importante que ele é um orixá
(e os africanos a muito sabem disso).
Tem um dito que diz "O
tempo dá, o tempo tira, o tempo passa e a folha vira", muitas vezes
precisamos que o tempo nos seja favorável, e outras não, quero dizer,
precisamos de tempo curto ou longo, com o bom uso do tempo, muitas coisas se
modificam, ou podemos modificar.
Irôko tem um temperamento
estável, de caráter firme e em alguns casos violento.
Na Nigéria, Irôko é cultuado
numa árvore que tem o mesmo nome. Porém, no Brasil esta árvore foi substituída
pela gameleira-branca que apresenta as mesmas características da árvore usada
na África. É nesta árvore, a gameleira-branca, que fica acentuado o caráter
reto e firme do orixá pois suas raízes são fortes, firmes e profundas.
Irôko foi associado ao vodun daomeano Loko
dos negros de dinastia Jeje e ainda ao inkice Tempo, dos negros bantos.
Irôko, na verdade, é o orixá
dos bosques nigerianos, onde lá na Nigéria é muito temido, porque como conta um
itan, ninguém se atrevia a entrar num bosque sem antes reverenciá-lo. No
Brasil, é nos pés da gameleira-branca que fica seu assentamento e também é ali
que são oferecidas suas oferendas.
Sua cor é o branco e ainda
usa palha da costa em sua vestimenta. Sua comida é o ajabó, o caruru, feijão
fradinho, o deburu, o acaçá, o ebô e outras.
Em geral na frente das
grandes casas de Candomblé, principalmente em Salvador, existe uma grande
árvore com raízes que saem do chão, e são envoltas com um grande Alá (pano
branco), este é Iroko, que é tido com árvore guardiã da casa de Candomblé pois
ter esta árvore plantada no terreno da casa de Candomblé representa força e
poder..
Este orixá é conhecido na
angola como Maianga ou Maiongá.
Orumilá /Ifá
A importância de Orumilá é
tão grande que chegamos a concluir que se um homem fizer algum tipo de pedido
ao todo poderoso Olorum (Deus, o Senhor dos Céus), esse pedido só poderá chegar
até Ele através de Orumilá e/ou Exú, que são somente eles dois dentre todos os
Orixá os que têm a permissão, o poder e o livre acesso concedido pôr Olorum de
estar junto a Ele, quando assim for necessário.
Ainda vale ressaltar que
somente Orumilá e Exú possuem para si um culto individual, onde são feitos
adorações totalmente específicas para os mesmos, também são eles os únicos que
podem possuir para somente o seu culto um sacerdote específico. Isso só é possível
pôr causa dos poderes delegados pelo todo poderoso a eles, pois os demais Orixá
são totalmente dependentes de Ifá e Exú, enquanto que eles não dependem de
nenhum dos Orixás para desenvolverem sua própria evolução, ou seja, o culto à
Ifá e Exú não dependem do culto aos Orixá, entretanto o culto aos Orixá
dependem totalmente de Ifá e Exú.
Orumilá é o senhor dos
destinos, é quem rege os o plano onírico (sonhos), é aquele que tudo sabe e
tudo vê em todos os mundos que estão sob a tutela de Olorum, ele sabe tudo
sobre o passado, o presente e o futuro de todos habitantes da Terra e do Céu, é
o regente responsável e detentor dos oráculos, foi quem acompanhou Odudua na
criação e fundação de Ilé Ìfé, é normalmente chamado em suas preces de:
Elérí Ìpín - "o testemunho de Deus''
Ibìkéjì Olódúmarè - "o
vice de Deus"
Gbàiyégbòrún - "aquele
que está no céu e na terra"
Òpitan Ìfé - "o
historiador de Ìfé"
Acredita-se que Olorum
passou e confiou de maneira especial toda a sabedoria e conhecimento possível,
imaginável e existente entre todos os mundos habitados e não habitados à
Orumilá, fazendo com que desta forma o tornasse seu representante em qualquer
lugar que estivesse.
No Terra Olorum fez com que
Orumilá participasse da criação da terra e do homem, fez com que ele auxiliasse
o homem a resolver seus problemas do dia a dia, também fez com que ajudasse o
homem a encontrar o caminho e o destino ideal de seu orì. No Céu lhe ensinou
todos os conhecimentos básicos e complementares referente todos os Orixá, pois
criou um elo de dependência de todos perante Orumilá, todos devem consultá-lo
para resolver diversos problemas, com pôr exemplo, a vinda de Oxalá à terra
para efetuar a criação de tudo aquilo que teria vida na mesma, porém o grande
Orixá não seguiu as orientações prescritas pôr Ifá, e não conseguiu cumprir com
sua obrigação caindo nas travessuras aplicadas pôr Exú, ficando esta missão pôr
conta de Odudua.
Também Orumilá fala e
representa de maneira completa e geral todos os Orixás, auxiliando pôr exemplo,
um consulente no que ele deve fazer para agradar ou satisfazer um determinado
Orixá, obtendo desta forma um resultado satisfatório para o Orixá e para o
consulente.
Orumilá sabe e conhece o
destino de todos os homens e de tudo o que têm vida em nosso mundo, pois ele
está presente no ato da criação do homem e sua vinda a terra, e é neste exato
instante que Ifá determina os destinos e os caminhos a serem cumpridos pôr
aquele determinado espírito.
É pôr isso que Orumilá tem
as respostas para toda e qualquer pergunta lhe é feita, e que ele têm a solução
para todo e qualquer problema que lhe é apresentado, e é pôr esta razão que ele
têm o remédio para todas as doenças que lhe forem apresentadas, pôr mais
impossível que pareça ser a sua cura.
Todos nós deveríamos
consultar Ifá antes de tomarmos qualquer atitude e decisão em nossas vidas, com
certeza iríamos errar menos, os Iorubás consultam Ifá antes de tomarem qualquer
decisão, com pôr exemplo, antes de um casamento, antes de um noivado, antes do
nascimento e até mesmo na hora de dar o nome a criança, antes da conclusão de
um negócio, antes de uma viagem, etc.
Além disto tudo, Orumilá é
também quem tem a vida e a morte em suas mãos, pois ele é a energia que esta
mais atuante e mais próxima de Olorum, podendo ele ser a única entidade que tem
poderes para suplicar, pedir ou implorar a mudança do destino de uma pessoa.
Não é Orixá, encontra-se num
plano mítico e simbólico superior ao dos outros orixás. Se Olorum é o ser
supremo dos Iorubás, o nome que dão ao Absoluto, Orumilá é a sua emanação mais
transcendente, mais distanciada dos acontecimentos do mundo sub-lunar.
Na tradição de Ifé é o
primeiro companheiro e "Chefe Conselheiro" de Odudua quando da sua
chegada à Ifé. Outras fontes dizem que ele estava instalado em um lugar chamado
Òkè Igèti antes de vir fixar-se em Òkè Itase, uma colina em Ifé onde mora
Àràbà, a mais alta autoridade em matéria de adivinhação, pelo sistema chamado
Ifá. É também chamado Àgbónmìrégún ou Èlà. É o testemunho do destino das
pessoas.
Os babalaôs (pais do
segredo), são os porta vozes de Orumilá. A iniciação de um babalaô não comporta
a perda momentânea de consciência que acompanha a dos orixás. É uma iniciação
totalmente intelectual. Ele deve passar um longo período de aprendizagem, de
conhecimentos precisos, em que a memória, principalmente, entra em jogo.
Precisa aprender uma quantidades de Itans (histórias) e de lendas antigas,
classificadas nos duzentos e cinqüenta e seis odú (signos de Ifá), cujo
conjunto forma uma espécie de enciclopédia oral dos conhecimentos do povo de
língua Iorubá.
Cada indivíduo nasce ligado
a um Odu, que dá a conhecer sua identidade profunda, servindo-lhe de guia por
toda vida, revelando-lhe o Orixá particular, ao qual deverá ser eventualmente
dedicado. Ifá é sempre consultado em caso de dúvida, antes de decisões
importantes, nos momentos difíceis da vida.
Lendas
Dos Orixás
Iroko Castiga A Mãe Que Não Lhe Dá O Filho Prometido
No começo dos tempos, a
primeira árvore plantada foi Irôco, mais antiga que o mogno, o pé de obi e o
algodoeiro. Na mais velha das árvores de Irôco, morava seu espírito. E o
espírito de Irôco era capaz de muitas mágicas e magias. Irôco assombrava todo
mundo, assim se divertia. À noite saia com uma tocha na mão, assustando os
caçadores. Quando não tinha o que fazer, brincava com as pedras que guardava
nos ocos de seu tronco. Fazia muitas mágicas, para o bem e para o mal. Todos
temiam Irôco e seus poderes e quem o olhasse de frente enlouquecia até a morte.
Numa certa época, nenhuma
das mulheres da aldeia engravidava. Já não havia crianças pequenas no povoado e
todos estavam desesperados. Foi então que as mulheres tiveram a idéia de
recorrer aos mágicos poderes de Irôco. Juntaram-se em círculo ao redor da
árvore sagrada, tendo o cuidado de manter as costas voltadas para o tronco. Não
ousavam olhar para a grande planta face a face. Suplicaram a Irôco, pediram a
ele que lhes desse filhos. Ele quis logo saber o que teria em troca. As
mulheres eram, em sua maioria, esposas de lavradores e prometeram a Iroko milho,
inhame, frutas, cabritos e carneiros. Cada uma prometia o que o marido tinha
para dar. Uma das suplicantes, chamada Olurombi, era a mulher do entalhador e
seu marido não tinha nada daquilo para oferecer. Olurombi não sabia o que fazer
e, no desespero, prometeu dar a Irôco o primeiro filho que tivesse.
Nove meses depois a aldeia
alegrou-se com o choro de muitos recém-nascidos. As jovens mães, felizes e
gratas, foram levar a Irôco suas prendas. Em torno do tronco de Irôco
depositaram suas oferendas. Assim Irôco recebeu milho, inhame, frutas, cabritos
e carneiros. Olurombi contou toda a história ao marido, mas não pôde cumprir
sua promessa. Ela e o marido apegaram-se demais ao menino prometido. No dia da
oferenda, Olurombi ficou de longe, segurando nos braços trêmulos, temerosa, o
filhinho tão querido. E o tempo passou. Olurombi mantinha a criança longe da
árvore e, assim, o menino crescia forte e sadio. Mas um belo dia, passava
Olurombi pelas imediações do Irôco, entretida que estava, vindo do mercado, quando,
no meio da estrada, bem na sua frente, saltou o temível espírito da árvore.
Disse Irôco: "Tu me prometeste o menino e não cumpriste a palavra dada.
Transformo-te então num pássaro, para que vivas sempre aprisionada em minha
copa." E transformou Olurombi num pássaro e ele voou para a copa de Irôco
para ali viver para sempre.
Olurombi nunca voltou para
casa, e o entalhador a procurou, em vão, por toda parte. Ele mantinha o menino
em casa, longe de todos. Todos os que passavam perto da árvore ouviam um pássaro
que cantava, dizendo o nome de cada oferenda feita a Irôco. Até que um dia,
quando o artesão passava perto dali, ele próprio escutou o tal pássaro, que
cantava assim: "Uma prometeu milho
e deu o milho; Outra prometeu inhame e
trouxe inhames; Uma prometeu frutas e entregou as frutas; Outra deu o cabrito e
outra, o carneiro, sempre conforme a promessa que foi feita. Só quem prometeu a
criança não cumpriu o prometido."
Ouvindo o relato de uma
história que julgava esquecida, o marido de Olurombi entendeu tudo
imediatamente. Sim, só podia ser Olurombi, enfeitiçada por Irôco. Ele tinha que
salvar sua mulher! Mas como, se amava tanto seu pequeno filho? Ele pensou e
pensou e teve uma grande idéia. Foi à floresta, escolheu o mais belo lenho de
Irôco, levou-o para casa e começou a entalhar. Da madeira entalhada fez uma
cópia do rebento, o mais perfeito boneco que jamais havia esculpido.
O fez com os doces traços do
filho, sempre alegre, sempre sorridente. Depois poliu e pintou o boneco com
esmero, preparando-o com a água perfumada das ervas sagradas. Vestiu a figura
de pau com as melhores roupas do menino e a enfeitou com ricas jóias de família
e raros adornos. Quando pronto, ele levou o menino de pau a Irôco e o depositou
aos pés da árvore sagrada. Irôco gostou muito do presente. Era o menino que ele
tanto esperava! E o menino sorria sempre, sua expressão, de alegria.
Irôco apreciou sobremaneira
o fato de que ele jamais se assustava quando seus olhos se cruzavam. Não fugia
dele como os demais mortais, não gritava de pavor e nem lhe dava as costas, com
medo de o olhar de frente. Irôco estava feliz. Embalando a criança, seu pequeno
menino de pau, batia ritmadamente com os pés no solo e cantava animadamente.
Tendo sido paga, enfim, a antiga promessa, Irôco devolveu a Olurombi a forma de
mulher. Aliviada e feliz, ela voltou para casa, voltou para o marido artesão e
para o filho, já crescido e enfim libertado da promessa. Alguns dias depois, os
três levaram para Irôco muitas oferendas. Levaram ebós de milho, inhame,
frutas, cabritos e carneiros, laços de tecido de estampas coloridas para
adornar o tronco da árvore. Eram presentes oferecidos por todos os membros da
aldeia, felizes e contentes com o retorno de Olurombi. Até hoje todos levam
oferendas a Irôco. Porque Irôco dá o que as pessoas pedem. E todos dão para
Irôco o prometido.
Iroko Ajuda A Feiticeira A Vingar O Filho Morto
Irôco era um homem
bonito e forte e tinha duas irmãs. Uma delas era Ajé, a feiticeira, a outra era
Ogboí, que era uma mulher normal. Irôco e suas irmãs vieram juntos do Orun
para habitar no Aiê. Irôco foi morar numa frondosa árvore e suas irmãs em
casas comuns. Ogboí teve dez filhos e Ajé teve só um, um passarinho.
Um dia, quando Ogboí teve
que se ausentar, deixou os dez filhos sob a guarda de Ajé. Ela cuidou bem das
crianças até a volta da irmã. Mais tarde, quando Ajé teve também que viajar,
deixou o filho pássaro com Ogboí. Foi então que os filhos de Ogbói
pediram à mãe que queriam comer um passarinho. Ela lhes ofereceu uma galinha,
mas eles, de olhos no primo, recusaram. Gritavam de fome, queriam comer, mas
tinha que ser um pássaro. A mãe foi então foi a floresta caçar passarinhos, que
seus filhos insistiam em comer. Na ausência da mãe, os filhos de Ogboí mataram,
cozinharam e comeram o filho de Ajé. Quando Ajé voltou e se deu por conta da
tragédia, partiu desesperada a procura de Irôco. Irôco a recebeu em sua árvore,
onde mora até hoje. E de lá, Irôco vingou Ajé, lançando golpes sobre os filhos
de Ogboí. Desesperada com a perda de metade de seus filhos e para evitar a
morte dos demais, Ogoí ofereceu sacrifícios para o irmão Irôco. Deu-lhe um
cabrito e outras coisas e mais um cabrito para Exú. Irôco aceitou o sacrifício
e poupou os demais filhos.
Irôco Engole A Devota Que Não Cumpre A Interdição Sexual
Era uma vez uma mulher sem
filhos, que ansiava desesperadamente por um herdeiro. Ela foi consultar o
babalaô e o babalaô lhe disse como proceder: Ela deveria ir à árvore de Irôco e
a oferecer um sacrifício, comidas e bebidas. Com panos vistosos ela fez laços e
enfeitou o pé de Irôco. Aos seus pés depositou o seu ebó. Fez tudo como
mandara o adivinho, mas de importante preceito ela se esqueceu. Ela deu
tudo a Irôco, ou, quase tudo. Ela esqueceu que o babalaô mandara que nós três
dias antes do ebó ela deixasse de ter relações sexuais. Só então, assim, com o
corpo limpo, deveria entregar o ebó aos pés da árvore sagrada.
Irôco irritou-se com a
ofensa, abriu uma grande boca em seu grosso tronco e engoliu quase
totalmente a mulher, deixando de fora só os ombros e a cabeça. A mulher gritava
feito louca por ajuda e toda a aldeia correu para o velho Irôco. Todos
assistiam o desespero da mulher. O babalaô foi também até a árvore e fez seu
jogo, e o jogo revelou sua ofensa, sua oferta com o corpo sujo. Mas a mulher
estava arrependida e a grande árvore deixou que ela fosse libertada. Toda a
aldeia ali reunida regozijou-se pela mulher. Todos cantaram e dançaram de
alegria. Todos deram vivas a Irôco. Tempos depois a mulher percebeu que estava
grávida e preparou novos laços de vistosos panos e enfeitou agradecida a
planta imensa. Tudo ofereceu-lhe do melhor, antes resguardando-se para ter o
corpo limpo. Quando nasceu o filho tão esperado, ela foi ao babalaô e ele leu o
futuro da criança: deveria ser iniciada para Irôco. Assim foi feito e Irôco
teve muitos devotos. E seu tronco está sempre enfeitado e aos seus pés não lhe
faltam oferendas.
Você Aprendeu:
Sobre os Orixás Tempo/Irôko, Ifá e Orumilá; Algumas
Lendas de Tempo/Irôko, Ifá e Orumilá.
Comentários
Postar um comentário